Amor Líquido: os relacionamentos atuais são feitos para durar?
O aplicativo de encontros Adote decidiu explorar este tópico e perguntou às brasileiras sobre suas experiências quando se trata de compromisso nas relações amorosas. Aqui está o que elas responderam.
“Hoje os relacionamentos escorrem por entre os dedos”, é com esse approach filosófico - e talvez um tanto pessimista - que o sociólogo Zygmunt Bauman julga o amor na era da pós-modernidade. Com a crescente convicção de que a mudança é a única certeza, o autor faz duras críticas à fragilidade dos relacionamentos na atualidade. Mas o que as brasileiras, que vivem o amor moderno na pele, pensam a respeito dessa possível liquidez das relações?
O adote entrevistou centenas de mulheres para entender se as ideias de Bauman se refletem de fato na vida romântica da maioria delas. Apesar de sete em cada dez entrevistadas acreditarem que o amor deva ser algo incrível e duradouro, 73% alegam já ter sentido falta de compromisso por parte da outra pessoa envolvida no relacionamento.
Para Bauman, o “amor líquido” é justamente esse desejo de vivenciar afeto sem compromisso, com o objetivo de manter os laços de uma forma fluida. Alegando se sentir usadas, 89% das entrevistadas disseram ter estado numa relação em que a outra pessoa buscava apenas diversão. No entanto, 53% delas admitiram também ter sido a pessoa que se relacionou com outra com o único objetivo de se divertir de alguma forma.
Isto também foi demonstrado por um estudo publicado pela Universidade de Wisconsin, nos EUA. A análise de diversos indivíduos descobriu que uma abundância constante de opções disponíveis faz com que as pessoas se arrependam das escolhas feitas, por sentir que podem sempre encontrar alguém melhor.
No entanto, isso não significa que o verdadeiro amor não possa ser encontrado. A verdade é que, de acordo com diversos psicólogos sociais, sempre existirão pessoas que têm dificuldade de se investir num relacionamento.
Medo de compromisso ou de perder a liberdade dividiram igualmente a justificativa das brasileiras, quando foi pedido que explicassem o fato de não ir mais a fundo em suas relações. Apesar disso, apenas 27% das entrevistadas viram esta falta de compromisso partir delas mesmas.
Ainda não ter encontrado “a pessoa certa“ foi a justificativa que 62% das brasileiras deram para não ter tido relações longas. No entanto, 71% das entrevistadas afirmam normalmente se relacionar por anos com a mesma pessoa, o que desafia o conceito de Bauman de que os relacionamentos escorrem pelos dedos.
“Apesar de ser agradável e, às vezes, necessário sair com pessoas diferentes por um período para para conhecer gente nova, percebemos que, a partir de um certo tempo, muitos usuários buscam conexão mais em forma de qualidade do que em quantidade“, analisa Rocio Cardosa, especialista em relacionamentos do aplicativo adote. “É por isso que o slow-dating é o que mais funciona no nosso app. Na hora de buscar alguém para algo duradouro, tomar tempo para conhecer o outro é a melhor opção”.
Claramente a evolução social e tecnológica têm transformado a forma como as brasileiras buscam o amor, mas com certeza não anularam o fato de que todo ser humano precisa e deseja amar e ser amado de formas - com o perdão do trocadilho - cada vez mais sólidas.